A preocupação dos Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – Comitês PCJ em conhecer a dinâmica hidrológica destas bacias hidrográficas vem de longa data. Podemos afirmar que até mesmo antes da instalação do primeiro dos Comitês PCJ, o CBH-PCJ (estadual paulista).

Como movimento indutor de mobilização para a implantação dos instrumentos para a gestão dos recursos hídricos e políticas estaduais e federal que hoje conhecemos, especialmente nas bacias PCJ, podemos citar a grande estiagem ocorrida no período 1968-1969, onde pode-se observar, na ocasião, a triste situação em que ficou o Rio Piracicaba com tamanha escassez, situação agravada pelos lançamentos indiscriminados de vinhoto das usinas açucareiras e de álcool da região.

No início da década de 70 começaram as obras do Sistema Cantareira, um conjunto de represas formadas principalmente nos afluentes do Rio Piracicaba (Atibainha, Cachoeirinha, Jaguari e Jacareí), com o objetivo de abastecer a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP.

Com a conclusão das barragens Jaguari/Jacareí, em 1982, e com o início da adução da capacidade total do Sistema, por volta do ano de 1987, aliada ao forte desenvolvimento econômico e crescimento populacional nas bacias PCJ, a situação do rio Piracicaba se agravou, tanto qualitativa como quantitativamente, e a comunidade local iniciou sua mobilização na tentativa de recuperar o rio.

Todas as mobilizações e esforços da sociedade pressionando os governos estadual (Paulista) e federal resultaram em uma atenção maior do poder público, tendo como conseqüência um destaque na Constituição Paulista de 1989 (artigos 205 a 213 da Seção II, do Capítulo IV) que trata especificamente dos recursos hídricos; bem como a aprovação da Lei Estadual Paulista nº 7663, de 1991, que define a política estadual de recursos hídricos, inclusive com a criação de um fundo monetário para financiar as ações de preservação e recuperação dos recursos hídricos.

Na seqüência, a partir de 1993, começam a ser instalados os comitês de bacias hidrográficas. Considerados como verdadeiros “parlamentos das águas” onde os diversos setores da sociedade civil organizada podem se manifestar de maneira democrática e com a prerrogativa de definirem onde os recursos disponíveis no fundo monetário criado pela Lei nº 7663 deveriam ser aplicados.

O Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – CBH-PCJ foi o primeiro comitê a ser instalado no Estado de São Paulo. Sua instalação deu-se no dia 18 de novembro de 1993 e a reunião aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade de Piracicaba/SP, onde todo movimento de mobilização foi iniciado.

Desde a sua instalação, o CBH-PCJ, e mais recentemente o PCJ FEDERAL (instalado em 31/03/2003) e o CBH-PJ (instalado em 27/06/2008), têm dentre suas metas o conhecimento mais aprofundado das bacias hidrográficas PCJ, bem como a minimização dos impactos de eventos climatológicos extremos que acontecem na sua região de atuação.

Historicamente as bacias PCJ sempre sofreram com a escassez hídrica, mas no verão 2009-2010 a surpresa foi com o alto índice de pluviosidade e várias cidades da região sofreram com as inundações. Bairros inteiros em diversos municípios tiveram suas áreas inundadas com muitas famílias desabrigadas.

Passado esse período e contabilizados todos os prejuízos, os Comitês PCJ, que já vinham se mobilizando para intensificar os mecanismos de monitoramento, como a ampliação da rede de monitoramento das vazões dos rios, intensificou o seu trabalho para obter também as informações sobre clima e chuva. Nesse contexto, surgiu o conceito da Sala de Situação PCJ.

A Sala de Situação PCJ é um ambiente criado para que pessoas dediquem-se em tempo integral nas funções de manter as redes telemétricas de pluviometria, fluviometria e de qualidade das águas em perfeito e constante funcionamento. Da mesma forma, com auxílio de ferramentas computacionais, permitirá que pessoas devidamente qualificadas tomem decisões sobre a operação dos reservatórios das bacias PCJ (liberação e/ou restrição de vazões) e sobre ações de alerta e emergência, em situações de cheias, estiagens ou acidentes, acionando-se órgãos públicos, operadores de sistemas de saneamento e a Defesa Civil, quando necessário. Também terá a função de fornecer informações para elaboração de estudos mais detalhados e/ou específicos como Relatórios de Situação das Bacias PCJ e Planos de Bacias, dentre outras.